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segunda-feira, 13 de outubro de 2014

É a vida que se tem, ora essa...

Diversas vezes dissemos, aqui mesmo nesse blog, que a música faz parte de nossa história: marcando momentos e sentimentos, trazendo emoções e nos fazendo sorrir e chorar. Charles Chaplin certa vez disse que "a vida é um palco de teatro que não admite ensaios. Por isso cante, chore, ria, antes que as cortinas se fechem e o espetáculo termine sem aplausos." Tem um outro provérbio muito conhecido que diz que a arte imita a vida... Então, se a música faz parte da nossa vida, e a nossa vida é uma peça de teatro, por que não encaixar em um palco, contando uma história, a melodia e a letra da música?
Ninguém sabe quem teve essa ideia ou quando ela surgiu, mas acredita-se que na Grécia Antiga, já existiam encenações musicadas para adorar aos deuses e em Roma, as comédias eram montadas com música e dança, porém nada que se equiparasse ao modelo moderno. Na época da Idade Média, a Igreja usava músicas aliadas a encenações para contar suas histórias. No Renascimento, a música era a cereja do bolo, dando um tom para cada peça. Na França, Moliére transformava suas comédias em espetáculos de música e dança e, na Inglaterra, músicas populares eram cantadas no palco de grandes teatros. Porém, foi apenas em 1927, com Show Boat de Hammerstein e Kern, que o musical ássou realmente a utilizar música e dança para contar uma história: até então era apenas um conjunto de óperas cómicas, operettas, ópera bufas, burlesco, burletta, estravaganza e comédia musical, nas quais as performances de dança e música eram jogadas sem sentido.


A Era Dourada dos musicais foi entre as décadas de 40 e 60, e começou com Oklahoma!. É desse período musicais como West Side Story, uma espécie de Romeu e Julieta adaptada para as ruas de Nova Iorque e Hair, que introduziu o rock e o nudismo aos palcos. Muitos livros foram adaptados para os palcos e artistas de vozes potentes, como Barbra, brilharam nos palcos da Broadway. Nas décadas seguintes, a Disney trouxe grande parte de seus filmes para os palcos. E novamente o contexto histórico influenciou produções como Chicago, que falava de assassinatos.A partir da década de 50, a Broadway tornou-se polo de produção dos musicais. E em 80, Inglaterra entrou na corrida com grandes musicais como Fantasma da Ópera e Les Miserables. Sinônimos desse tipo de teatro são o Teatro de Revista brasileiro e a Comédie Musicale francesa. 
O Teatro de Revista surgiu no Brasil no final do século XIX com a chegada de D. João VI. Apesar de baseadas no teatro francês, suas peças eram muito mais voltadas para operetas e vandeville (tiradas satíricas) aliadas ao corpo (frequentemente nu).  Com os anos 60, os espetáculos brasileiros passaram a se voltar para o estilo Broadway, trazendo diversas adaptações dos enredos que faziam sucesso lá fora.
Para montar um musical bem feito são necessárias três coisinhas básicas: enredo (parte falada/ não cantada do espetáculo, ou seja, a parte dramática do espetáculo), interpretação teatral (dança, encenação e canto) e música (melodia e letra). Apesar de poderem ter apenas poucos minutos, os mais populares duram em torno de duas horas, e nesse tempo são apresentadas em torno de trinta canções, com reprises e corais, entre cenas com diálogo. Normalmente, a primeira música do musical dá o tom inicial e apresenta a peça, já as seguintes são adaptadas para o personagem e sua situação no enredo. O artista deve executar três funções: cantar, dançar e atuar seguindo o principio que “Quando uma emoção torna-se tão forte no discurso, você canta; quando ela se torna tão forte em uma canção, você dança.”
Montar um musical não é nada fácil. Uma boa peça demora cerca de cinco anos para ficar pronta. Entre os que participam do processo estão: compositores, letristas, escritores, atores, cenógrafos, figurinistas, assistentes de palco, etc, etc, etc. 
Ainda hoje, esse gênero encanta a todos, pois, como não custa nada lembrar, a música traz às cenas um tom novo, uma intensidade diferente, uma paixão que não acontece quando simplesmente se declama um texto. Mas mesmo assim, o mundo está carente de bons musicais como os antigos da Broadway, que nos faziam tremer, ou os contos da Disney que tanto nos lembram nossa infância...

Bom, nesse fim de semana, em curtíssima temporada de quatro apresentações, estreou Splish Splash: o Musical. A peça com texto original de Emmanuel Souza, e direção de PC Carraturi, Simone Pierri e Emmanuel Souza, abalou os corações de papel dos espectadores ao levar o público de volta para os anos 60: um período no qual a televisão encantava, e os tropicalistas lutavam pela não alienação do mundo. Uma época na qual ídolos como os Goma Boys faziam mocinhas como Lucilene Maria suspirar, enchendo de ciúmes o namorado Cleidsmar. E no qual a Jovem Guarda comandava o rádio e dos rapazes que desciam a Rua Augusta em seus calhambeques.
A obra, juntamente com Burguês Fidalgo (adaptada por Emmanuel Souza da peça de comédia de Moliére), fizeram parte do VII FLIT (Festival de Literatura e Teatro) do Liceu de Artes e Ofícios. Um projeto no qual alunos participam de uma seleção para, depois de dez meses, passarem pela incrível experiência de pisar em um palco de verdade.
Esse ano, tive a felicidade de ser uma das selecionadas, e assistir da coxia uma peça carregada de humor e que me mostrou ainda mais que a música tem o poder de mudar o nosso coração, porque como bem disse Johny Johson, a música tem uma função,: ela liberta as pessoas. Assim como o teatro, e se juntarmos os dois fazemos algo descrito em apenas uma palavra: magia.
E fica aqui meu convite para o ano que vem todos prestigiem o FLIT, e aos que tiveram a oportunidade de ir esse ano: meu muito obrigada!


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